— Úrsula, a gente poderia contar...
— Aquela?
—Isso, aquela do pé de rosas! Deixa eu começar hoje, Úrsula?
—Você é afobada, hein, Ariadne? Tá, vai.
—Então... eu acho que essa história durou mais ou menos um
mês.
—É. Tem um senhor aqui do lado que tem um canteiro de flores,
sabe?
—É, e ele vivia conversando com elas.
—Que conversando! Ele falava sozinho. E ele vivia reclamando
de um pé de rosas. Era mais ou menos assim:
“Por quê vocês não são tão grandes quanto as rosas da feira?”
“Vocês são tão pequenas que me dão vergonha!”
“Bem que vocês poderiam ser mais coloridas, que nem as rosas da feira!”
“Vocês são tão pequenas que me dão vergonha!”
“Bem que vocês poderiam ser mais coloridas, que nem as rosas da feira!”
—Aí, a gente viu ele na feira e decidiu espiar. Né, Ariadne?
Eu sei que aquela Rosa Colombiana da feira era tudo o que ele queria. Tudo o
que o pé de rosas do canteiro não era!
—Então... o feirante percebeu, né? Ele falou que aquela rosa
tava no pé, que era importada, que não podia vender...
—Aí a gente só viu o vizinho tirar uma nota de R$ 50,00 do
bolso. O feirante balançou, né? Não tinha como...
—Como resistir.
—É, Ariadne.
—Eu só sei que o vizinho ficou admirando tanto a Rosa
Colombiana que...
—Ele esqueceu de regar o jardim. Aí a rosa do canteiro dele
foi murchando e morreu.
—É, Úrsula. Lembra que ele ficou um dia inteiro lamentando
pelo pé de rosas mortas?
“É culpa minha. Tudo culpa minha. Você morreu porque eu
esqueci de te regar. E eu te amava tanto... era você que enfeitava o meu canteiro
todos os dias. Vocês não eram as rosas mais bonitas, nem as maiores, nem as mais
coloridas. Mas vocês eram as minhas rosas mais especial... por quê eu me esqueci de vocês?”
—Que cara burro, né, Ariadne?
—É, Úrsula! Agora ele tem uma rosa bem mais bonita que o
pé que ele tinha no jardim!
—Quem chora por um pé de rosas mortas, né Ariadne?
—É!
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